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quarta-feira, fevereiro 06, 2019

TEREMOS SUCESSORES NO BOTÃOBOL?


Minha gente!
Hoje, fujo um pouco das resenhas do que acontece no dia a dia das atividades da Associação Pernambucana de Futebol de Mesa, para enveredar num tema que tem me intrigado por todos esses últimos anos de atividade. Teremos sucessores no Botãobol?
Digo isso pois observo que os praticantes de botãobol estão em idade avançada e não vislumbro jovens se iniciando na sua prática.
Botonistas já bastante vividos no Botãobol
Aqui, na Associação Pernambucana de Futebol de Mesa, temos em torno de 18 botonistas, dos quais quatro ou cinco estão na faixa de trinta a quarenta anos. Os demais são cinquentões, sessentões, setentões e até oitentões que procuram manter viva a chama desse maravilhoso esporte.
Desse grupo de botonistas, quase nenhum deles consegue passar para seus filhos e netos o interesse pelo futebol de mesa. É bem verdade que alguns desses são descendentes de pais botonistas, mas são raros os casos.
Apenas 3 crianças inscritas numa competição de grande porte
E aí vem a pergunta que não quer calar: Que fazer? A rigor, não vejo que será fácil encontrar o caminho. No passado, as diversões eram mais nas ruas,  nos quintais e terraços dos amigos que moravam em casarões. O jogão de botão era tipicamente jogado nas calçadas, nos terraços e nos quintais das residências. Além das peladas de futebol e brincadeiras de pião, de pega-pega, de bola de gude, a criançada não tinha muita coisa para entretenimento, tornando assim fácil para aderirem ao emergente futebol de botão.
Vídeo-games a grande atração do público jovem
O tempo passa e o tempo voa e nas voltas que o mundo dá, essa meninada cresceu e sentiu toda a mudança e a modernização do mundo.
Para  as novas crianças que iam surgindo, outras atrações os distanciavam do jogo de botão, o interesse era quase nenhum e aqueles que cresceram tiveram que abandonar a prática devido a uma série de fatores: escola, trabalho, namoro etc.e o botão foi ficando cada vez mais distante.
 
Setentões e oitentão já aposentados desfilam nas mesas de botão
Somente após chegar à aposentadoria e com  a família constituída, já com os filhos d esenvolvidos, é que se volta a pensar em jogar botão. As exigências da vida já não são tão duras e amargas e a família já começa a aceitar os pequenos afastamentos, permitindo que o botão possa se integrar novamente à sua vida.
Futmesa do Náutico a espera de jovens botonistas
Devido ao esforço exaustivo de um sonhador, o botão é levado aos clubes, na tentativa de atrair adeptos para sua prática. De início é aquela euforia com  a novidade, mas pouco tempo depois os espaços começam a esvaziar e somente vai encontrar guarida nos veteranos que vão dispor de tempo para retornar às mesas.
Isso acontece ainda com o futebol de botão praticado nas outras regras, com algumas mudanças na tentativa de se conseguir adeptos. Daí o surgimento da modalidade dadinho, do futsal de mesa com regras fáceis e sem muita necessidade e sem quase nenhuma dificuldade para se jogar.
Apesar dos esforços, o Dadinho atrairá os jovens?
No Rio de Janeiro, o dadinho, através de Ronald Neri, atraiu seguidores, porém, se observa que as competições são realizadas com maior frequência de quarentões e cinquentões.
A luta  gigantesca de Praciano para difundir o futsal de mesa
O mesmo acontece no Ceará. onde o gigante Praciano faz das tripas coração para alavancar o futsal de mesa, inclusive levando-o às escolas de Fortaleza. Até quando?
Uma magistral cobrança de Pênalti no Botãobol
No Botãobol, que requer muita habilidade técnica, aí a coisa pega fogo. Alguns jovens sempre se apresentam para ensaiarem as primeiras palhetadas e diante da dificuldade se desmotivam e não mais retornam. O desafio de bem jogar o botãobol é imenso e pouquíssimos são capazes de chegar a um bom lugar
Para se ter uma ideia, a APFM está desde 2003 instalada no Edifício Brasília e muitos jovens passaram por suas mesas. Com tristeza, vemos que apenas quatro, já não tão jovens, vingaram.
O que podemos pensar para o futuro? Teremos sucessores? Viva o botão!.

2 comentários:

SAMBAQUY, Adauto Celso disse...

Amigo Abiud,
Há poucos dias, respondi a um questionário de um amigo, que está escrevendo um livro sobre o futebol de mesa, Uma das perguntas era exatamente sobre o assunto da Marreta de hoje. Há muitos grupos que estão incentivando a garotada a voltar seus olhos para o futebol de mesa. A minha AFM Caxias do Sul, adotou uma Instituição chamada Criança Feliz, onde abriga crianças de pais operários, alguns até desempregados. Reúne essas crianças e ensina a jogar futebol de mesa, organizando torneios de chutes de penaltis (na regra 1 toque o jogador que vai cobrar fica na outra área e tem de percorrer o campo todo para fazer o gol.) torneios eliminatórios, que terminem no mesmo dia e oferecem prêmios em medalhas e troféus aos meninos e meninas. Além disso, conseguiram patrocínio para um lanche, e condução que traz e retorna as crianças à Instituição. O resultado, só o tempo dirá. Mas, já tivemos grandes resultados no passado, com infantis, passando a juvenis e chegando à fase adulta, conquistando campeonatos estaduais e nacionais.
Respondi isso, declinando o trabalho dessa meia dúzia que ensinam as crianças e salientei que, vejo com tristeza, o fim do Botãobol, pois a grande maioria é composta de pessoas com idade avançada e nenhum jovem aparece para continuar. Acredito que se organizassem um campeonato paralelo ao de vocês, só para iniciantes, com certeza arrumariam gente para continuar esse trabalho árduo de vocês.
Sempre salientei nas vezes que uso a palavra, que conquistem as crianças, pois todos os que estão jogando o campeonato, eram crianças quando nós estávamos na ativa. Se não tivéssemos incentivado, o futebol de mesa, hoje, não teria tantos participantes.
Fica a sugestão no ar.
Um abraço colorado gaúcho.

Abiud Gomes disse...

Amigão Sambaquy
Não creio que haja uma sequência positiva em todas essas medidas que estão sendo tomadas lá em Caxias do Sul. O futebol de botão é elitizado e custa caro manter toda uma infra-estrutura para ir em frente. A criança, como sempre curiosa, ainda se pode tentar, mas logo ela parte para outra novidade. O grande problema está com os adolescentes, pois se sentirem que não levam jeito para tal fim, partem para outra. Se você não aprende na juventude, dificilmente será botonista na idade adulta. Aqui, no Recife, os Departamentos dos Clubes vivem às moscas e para mantê-los em atividade os componentes desses departamentos arcam com todas as despesas. Não há verba orçamentária. Hoje, não tenho mais uma visão otimista. Espero estar enganado. Abraço timbu e pernambucano.