Esta é mais uma historinha dos tempos românticos do futebol de botões, praticado nas salas, terraços, garagens e quintais.
Nos anos sessenta, no bairro da Estância, zona oeste do Recife, o jogo de botão corria solto. A rua Morais e Silva era o ponto principal , com jogos nas casas de Seu Osman, pai de Murilo, de Mário Sandes, pai de Clóvis e Cláudio Sandes e na de Paulo Felinto, primo de Murilo.
Jogava-se botão à vontade, até a canela doer e sem hora para terminar.
Algum tempo depois, a concentração ficou apenas na casa de Paulo Felinto e como só havia um único campo, pense num sufoco para atender a todo mundo!
Cada partida tinha a duração de vinte minutos, divididos em dois tempos de dez minutos. Mal uma partida acabava e começava a briga para ver quem jogaria em seguida. A solução encontrada era fazer sempre torneios para que todos pudessem participar em condições de igualdade.
Devido a isso, muitos que tomavam parte desses jogos, tão logo realizavam suas partidas, iam embora para outros destinos. Ficavam alguns poucos na expectativa de poderem continuar dando suas palhetadas, mal o torneio tivesse fim.
Eram os conhecidos securinhas, que não perdiam tempo quando viam o campo desocupado e logo partiam para um confronto.
Num entardecer, quando o véu da noite já começara a despontar, o ambiente na casa de Paulo estava bastante concorrido com os jogos se sucedendo a cada vinte minutos.
De repente, acontece uma pane na rede elétrica e todo o bairro da Estância mergulha na escuridão. Logo, telefonam para o serviço de prontidão da luz e se recebe a informação de que não havia previsão de tempo para o restabelecimento da energia elétrica.
O tempo passava e nada da luz voltar. Os botonistas, um a um, foram se retirando, tristes e decepcionados. Era uma pena.
Quando menos se esperava, eis que Adilson e Marcos Cardoso, que já estavam quase transpondo o portão, resolvem voltar e colocam seus times em campo, pois tiveram a idéia de acender uma vela.
Aquele que não estivesse com a posse de bola ficaria segurando a dita vela, iluminando o campo.
Porém, há um detalhe: nesse lá e cá da vela, os pingos da cera iam caindo no campo, deixando-o quase que impraticável, mas, mesmo assim, o jogo seguia firme.
Então, Paulo Felinto, dono do campo, não se conteve e vendo o estrago que estava sendo feito, deu um sopro na vela e acabou a partida.
Até hoje não se sabe o resultado do jogo, mas o fato ficou conhecido na história do botão como o “Clássico dos Securinhas”, apelidos que os dois protagonistas vêm carregando por toda a vida, nesse mundo fantástico do futebol de botões.
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