Meus amigos!
Apesar de ainda estar sob os efeitos da última competição disputada pelo calendário oficial de 2022 da Regra Pernambucana, A COPA VACO-VACO, o presente blog viveu uma pausa forçada de 1 semana em seus escritos, justamente pela agenda conturbada de seu atual escritor e aventureiro, sem condições de escrever a matéria da última semana pela escassez de tempo.
Hoje buscamos, à todo custo, manter viva as chamas do entusiasmo pelo mundo do Botão, tão entusiasmadamente difundida também de forma virtual pelo nosso saudoso Abiud Ferreira Gomes através de A MARRETA, e que tanto queria ver sua continuidade para a posteridade.
Então, para retomar as escritas nestas páginas de puro futebol de botão, hoje, aproveitando ainda o intervalo para a próxima grande jornada da APFM, que será em 06 de agosto, abrimos este blog para relembrar fatos pitorescos e históricos de nossa amada Bola de Borracha.
Na riqueza e beleza de suas jogadas, seus lances possuem, em sua maioria, vocábulos próprios, fruto de situações reais acontecidas em partidas de outrora, que deram origem a termos usados até os dias de hoje e que perpetuarão pelos anos vindouros. É o caso que contaremos a seguir:
Em várias situações de gol, pode acontecer da bola, ao ser executada uma determinada jogada, fique pronta para chute por um ou dois botões, podendo ser arrematada por qualquer um deles, cabendo ao técnico escolher o que melhor convier. Nesses lances, é comum se ouvir: "PADRE ou PÁDUA" ! Quem pratica o Botãobol, sabe que o chute será com um ou outro botão. Claro que haverá o aviso de qual botão executará o chute, porém, de onde veio esse termo ?
É então que recorro aos contos e fatos narrados por Abiud Ferreira Gomes, que outrora, registrara aqui mesmo, em A MARRETA, fatos como este:
Eis mais uma historinha do mundo do futebol de mesa. O fato ocorreu no século passado, mais precisamente na década de 50, na rua Montevidéu, palco de grandes acontecimentos mesafutebolísticos.
Era a época romântica do futebol de botões, jogado em terraços, quintais e garagens. As personagens, todas amigas, alguns até com certo grau de parentesco.
O que se via naquela fase de ouro era apenas uma rivalidade, porém, sem rancores. Após as batalhas, reinava um clima de paz e tranqüilidade. Alguns lamentos, é verdade, que depois se diluíam com facilidade e, então, novas pelejas já estavam se realizando.
Assim era a vida esportiva na garagem do saudoso Aldiro Santos, um dos maiores botonistas do Recife e adepto da regra de celotex da Boa Vista, atual regra pernambucana de futebol de mesa, que adota a bola de borracha e um toque com cada botão, hoje, limitado a doze toques.
Corria o campeonato e o encontro entre Montevidéu x Boca Juniors era aguardado com ansiedade. Pelo lado do Monte, dono do campo, seu treinador Aldiro tinha passado a semana toda se preparando para o grande embate.
Do lado do Boca, Chico Barbosa confiava na precisão de seus chutes de longa distância, principalmente quando eram feitos pelo seu melhor atacante, o craque mais cobiçado da Liga, Sívori, um dos artilheiros da competição.
Chega o grande dia e a platéia se posiciona para ver o embate mais aguardado daquele campeonato. Arlindo Vilaça, hoje também no Paraíso, assume a arbitragem da partida. Jogo nervoso, com muitas imperfeições e o primeiro tempo com duração de 20 minutos se escoando e nada do goal aparecer.
Vem a segunda etapa e quando tudo parecia que o confronto terminaria empatado, eis que uma bola é lançada pelo Montevidéu e pára, exatamente na entrada da área, onde dois botões estavam em posição de arremate. Um arriscando o ângulo direito do goleiro e o outro com a mira no ângulo oposto.
Sai da boca de Aldiro o clássico sinal de chute: lá, com Padre! Prontamente, Chico Barbosa posiciona o goleiro, fechando mais o ângulo direito e após o indefectível “pronto”, fica esperando o desfecho do lance.
Aldiro então disposto no lado direito da mesa, dá uma volta no campo e se coloca no outro lado e chuta no ângulo esquerdo e marca o gol que lhe daria o título. Chico Barbosa, surpreso, indaga: você mandou colocar para o chute de Padre, mas quem chutou foi Pádua, pois todo mundo sabe que Padre é o botão preto, enquanto que Pádua é cinza!
E, aí, como é que fica, Vilaça? Aldiro, então, mostrando todas a sua raposice, dando uma tragada profunda no cigarro, contesta: não, senhor! Padre agora é o cinza. Pode ver o nome grafado embaixo do botão. Ontem à noite eu fiz a troca! Revoltado, Chico retira-se de campo e Aldiro comemora o título de campeão.
De resto, o que se sabe é que o episódio, toda vez que é lembrado causa um certo constrangimento no grande amigão Chico Barbosa, mas, a jogada caiu no folclore do botão e, hoje, em quase todas as partidas que são realizadas, quando uma equipe tenta um lançamento, onde haja dois botões para receber a bola em condições de arrematar a gol, é comum ouvir-se: Padre ou Pádua?
Conto publicado em A MARRETA ( www.abiud.blogspot.com ) em 06 de fevereiro de 2007,
por Abiud Ferreira Gomes
Imbuídos dessa atmosfera folclórica, relembrando estes saudosos fatinhos, no próximo dia 06 de agosto, a APFM sediará a COPA "PADRE OU PÁDUA", ofertando o TROFÉU ALDIRO SANTOS ao grande campeão desta, que será a 7ª etapa do certame anual da Regra Pernambucana.
Unindo o passado e nossa história aos contos atuais da Regra, eis ai, uma honrosa e merecidíssima homenagem àqueles que escreveram o prefácio e deram a introdução deste grande Livro, que hoje, segue sendo escrito por entusiastas do Futebol de Botão.
Dia 06 de agosto será mais uma página escrita, com o coração posto neste passado eternizado, sempre com vistas ao futuro.
Vamos para a COPA "PADRE OU PÁDUA", vivendo e respirando BOTÃO!
3 comentários:
Bom dia meu amigo Hugo Alexandre!
Essa história do Padre e Pádua, mostra a necessidade que indicar o botão pelo número, pois assim situações constrangedoras deixam de existir. Já vi muitos gols sendo anulados pela falta da indicação do botão número tal, tendo o botonista mandado colocar para o chute. Isso até em campeonatos brasileiros.
O futebol de Mesa criou um folclore todo seu e são histórias assim que fazem a beleza de nosso esporte. Na minha cidade (Caxias do Sul), no Vasco da Gama, tínhamos o filho de um antigo Jogador do Internacional, de Porto Alegre, chamado Boby Ghizzoni. O Boby jogava com o Inter, e era certeiro em seus chutes. Quando marcava gols saia narrando e gritando ao redor da mesa, Gol de Bráulio, gol de Bráulio, a torcida enlouquece e a gritaria é insuportável. Depois recolocava seus botões e a partida seguia normalmente. Para o pessoal que estava acostumado era coisa normal. Mas quando ia jogar em outra agremiação tinha gente que não gostava. Infelizmente faleceu novo. Mas as lembranças ficam em nossas lembranças.
Um abraço a todos os amigos da bolinha de borracha e até o Padre ou Pádua.
Amigão Sambaquy!
Esse episódio realmente fez história, pois, depois dele, vieram as decisões obrigatórias de indicar o botão do chute, sem o qual, uma vez indicado, não poderia ser mudado, sob pena de reversão do lance e desperdicio do ataque. Todos os botões precisam vestir escudos, os quais, obrigatoriente precisam ter numeração em cima do botão e nome na cava.
O bom disso tudo são os momentos de descontração que toma conta do ambiente. Únicos e inesqueciveis.
O seu relato da comemoração em volta do campo é bem o que gostamos de fazer, ao balançar as redes. Você relatando, é o mesmo que vermos a cena... fantastico isso! Rsrsrs As lembranças disso tudo nos motiva a seguir jogando e fazendo historia!
Como seria bom unirmos isso, RS e PE em bons momentos de futebol de Botão, juntos!
Abração Pernambucano, meu amigo!
Que história foi essa? kkkkkkkkkkk
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