BOTÃOBOL E FUTMESA

Visão de um jogo de botãobol (espaçamento do campo)

É isso aí, minha gente deste maravilhoso mundo do futebol de botão. Estou, aqui, de molho, me recuperando de uma cirurgia cardiovascular que gerou a implantação de três pontes e nesse lento e progressivo processo pude parar e fazer uma reflexão sobre o jogo de botão.

Posso sentir que nós,  botonistas em geral, temos em comum apenas a satisfação de jogar botão, porém, não analisamos profundamente as nossas ações.

As regras são as mais diversas, cabendo aos mais fortes ditarem as normas. Fala-se em regras oficiais, entretanto, o que se observa é que o jogo de botão é bancado cada vez mais por aqueles que desfrutam de melhor poder aquisitivo, montando toda a infraestrutura necessária para o desenvolvimento da atividade. 

Em São Paulo predomina a regra dita paulista (12 toques, bola de feltro e botões tipo discos). No Rio de Janeiro sobressai-se o Dadinho, com botões avantajados e a variante da Regra Paulista, com três toques. Na Bahia, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul o domínio é o da regra brasileira ou baiana, com disco ou pastilha servindo de pelota e com botões também de tamanho agigantado (60mmX7mm). No Pará, impera o celotex, com semelhanças com a regra baiana (tamanho do campo), porém, utilizando-se de bola esférica, relativamente grande.

Já nos outros estados, o que se observa é a pratica do jogo de botão obedecendo-se a uma das regras acimas citadas.

Outra visão do botãobol (posicionamento dos times)

Em Pernambuco, mais precisamente  no Recife, há a prática do futebol de botão, fugindo a todas as características das demais regras. É o chamado botãobol que é nada mais, nada menos do que a representação de uma partida de futebol, transportada para uma mesa.

Os botões, com dimensões menores do que os das demais regras (35mmX5,5mm), dão a idéia mais exata da proporcionalidade de espaços. 

A bola é esférica, de borracha, com 11mm de diâmetro, que requer muita habilidade para o desenvolvimento das jogadas.

Habilidade técnica, principal fundamento do botãobol

Os campos são parecidos com os da regra paulista, mas dispõem de fosso, em todo o seu redor. 

Em termos comparativos, o botãobol  é a essência do futebol de botão, aglutinando os seguintes valores: habilidade, eficiência técnica e tática, controle emocional, entusiasmo, espírito desportivo, dando ao praticante uma sensação de estar vivenciando uma verdadeira partida de futebol, onde o botonista se sente travestido de técnico, jogador, dirigente, médico, massagista, preparador físico, torcedor, árbitro e tudo aquilo que engloba o mundo futebolístico, com toda a sua magia.

Campo de botãobol, com fosso e totalmente nivelado

É uma pena que o botãobol, devido a dificuldades em montar toda uma infraestrutura para o seu desenvolvimento, seja tolhido, ficando restrito a pequenos grupos.

Para se entender esse grau de dificuldade de implantação do botãobol, basta imaginar um campeonato nacional onde haveria a necessidade de nivelar todos os campos, prendendo-os ao solo; confecção de bolas semelhantes; arbitragens em todas as partidas; cronômetros para todos os jogos; delegado da rodada; súmulas; comissão disciplinar. E outras coisas mais.

É bom frisar que muitos que tentaram enveredar pelo mundo do botãobol, por não conseguirem atingir status de bons botonistas, sentiram-se frustrados e tiveram que se contentar em praticar o jogo de botão valendo-se de outras regras.  

Em suma, o botãobol é o que há de melhor no futebol de botão, com mais um adendo: há zebras. Nem sempre vence o melhor. Os resultados dos jogos se assemelham e muito aos dos jogos de futebol, incluindo goleadas. Vale a pena ver. É divino, maravilhoso. O resto é futmesa. Viva o botão!

( Dedicado ao grande amigo e amante do botão, Armando Manoel Gomes Pordeus).