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segunda-feira, fevereiro 06, 2006

QUALIDADE OU QUANTIDADE ?

Dinoraldo, Armando e Hércules, trio de muitas histórias do botão
Comecei a jogar botão aos seis anos de idade, influenciado pelos meninos mais velhos que viviam jogando nas calçadas no bairro onde morava. Também assistia a jogos nas salas de algumas casas, em campos colocados em cima de mesas. Nessa época, os campos eram aqueles quadros de avisos existentes nas escolas, chamados de celotex, daí a origem do nome como ficou conhecido o jogo de botões.Em quase todos os bairros existiam praticantes, porém, sempre formando pequenos núcleos de 6 a 10 jogadores, atuando independentemente nos vários setores do bairro. Como não podíamos nos afastar muito de onde moravámos, por sermos de menor idade, esses núcleos eram conhecidos pelos nomes desses locais. Eram as turmas do Motocolombó, da Vila São Miguel, da Praça do Trabalho, da Estrada dos Remédios e por aí vai. Já naquela época, o jogo de botão não era alcançado pela grande massa de crianças, notadamente entre os mais carentes. Sempre foi um divertimento caro, além de exigir de seus praticantes um mínimo de habilidade técnica, o que fatalmente desestimulava os que inicialmente não obtinham sucesso nos seus primeiros jogos. O tempo passa e, já adolescentes, vimos que o jogo de botões continuou sendo praticado sempre por um número limitado de jovens, nos terraços, garagens e quartos de casas de família, porém, restritos aos parentes e alguns amigos. Quando não havia reprimenda por parte dos pais, a quantidade aumentava um pouco, porém poucas vezes excedia de 12 pessoas. Os espaços eram pequenos e somente davam para acomodar apenas um campo. Com isso, cada botonista ficava satisfeito quando jogava duas ou três partidas. Através das amizades que se fazia nas escolas e no ambiente de trabalho, às vezes se aventurava a jogar em outros bairros, mas sempre em locais cujos espaços abrigavam apenas um campo. Hoje, já na casa dos sessenta e poucos anos, já estabilizado na vida, é posto em prática um velho sonho que é o de formar uma associação onde pudesse abrigar num mesmo espaço todos os botonistas, com uma grande quantidade de campos, permitindo assim se jogar à vontade. Cria-se esse espaço, primeiramente numa agremiação de futebol e, de imediato, quase quarenta botonistas aparecem, dando a entender que o empreendimento seria sucesso absoluto. A paixão clubística trouxe conseqüências desagradáveis, pois não permitia que simpatizantes de clubes rivais desfilassem com uniformes dessas agremiações, nem tampouco eram permitidas manifestações de regozijo quanto se obtinham sucessos nas competições. Em 2003, afinal, é encontrado o espaço ideal, localizado no centro da cidade, com facilidade de acesso e com toda a infraestrutura necessária para o desenvolvimento dos jogos. As emoções poderiam ser extravazadas e todos teriam liberdade para exibir as cores dos times de suas predileções. Aparecem as primeiras dificuldades, traduzidas pelo não pagamento das mensalidades sociais que servem para minimizar as despesas para com a Associação, onerando sobremaneira ao proprietário do imóvel, que vem arcando mensalmente com o prejuízo financeiro. Com a exigência do pagamento das mensalidades, torna-se claro que houve uma diminuição de freqüentadores. Fora esse problema, há aqueles que por serem de comportamento dificil e que deram muita dor de cabeça aos dirigentes da Associação, também não quiseram continuar. Há, ainda, os que se afastaram por sentirem que não atingiriam um nível razoável para creditá-los como bons botonistas. O que nos satisfaz é que o grupo que resta é qualitativo, principalmente no aspecto disciplinar, todos imbuídos do propósito de que o que vale mesmo é divertir-se. O bom ou mau resultado nas competições é conseqüência! Mas, é bom frisar: valeu a pena!

Um comentário:

Anônimo disse...

Agora acho que entendi porque fecharam a Sala Constantino Barbosa... Ainda noutro dia a procurei para tentar introduzir meu garoto (6 anos) ao mundo botonista, mas no Clube informaram-me que a sala tornara-se um restaurante, sem mais comentários.